Ele já foi VP de Marketing do McDonald’s, trabalhou também em outras grandes empresas, e hoje inspira milhares de profissionais com seus livros, palestras e presença nas redes sociais.
Você já foi executivo de Marketing de grandes empresas e hoje é influenciador e palestrante. O que o motivou para essa virada de carreira?
Eu trabalhei no McDonald’s por 10 anos, era responsável pelo Marketing e gostava muito de trabalhar lá. Eu via nessa atividade a oportunidade de fazer a diferença na vida de 2 milhões e meio de clientes por dia e quase 60 mil funcionários. Muita gente acha que o trabalho de marketeiro é superficial. Médicos estão salvando vidas, bombeiros apagando incêndio, enquanto isso tem gente criando embalagens, frases vendedoras, comercializando produtos. Com o tempo, eu comecei a entender que a gente precisa, sim, de profissionais de Marketing, que façam bem o seu trabalho, que deixem claras as qualidades reais dos seus produtos, que tentem cobrar preços justos, que viabilizem a satisfação dos clientes. Afinal, precisamos de coisas na nossa vida: geladeira, motosserra, cafezinho. E há marcas que divulgam as opções mais vantajosas que melhoram a vida. Então, já via muito sentido no que eu fazia no Mc, mas quando eu comecei a dar aula, escrever livros, dar conselhos, eu percebi que talvez tivesse a oportunidade de fazer algo com um impacto ainda mais profundo. Mais importante do que ter um título, um alto salário, é perceber o quanto você foi útil, o quanto melhorou a vida dos outros. Foi por isso que eu decidi mudar a minha carreira.
Tem uma frase sua que diz que “O trabalho é uma bênção”. Como encontrar esse propósito no mercado oscilante do varejo?
A maioria das pessoas vê o seu trabalho como um simples lugar onde vai trocar tarefas feitas por salário pago, mas na verdade a sua profissão é onde você passa mais da metade do seu tempo acordado. Ou seja, é pelo menos a metade da sua vida. Se você gostaria de construir algo, deixar um legado, ter um propósito, eu diria que é muito difícil você fazer isso só nas horas vagas. Eu descobri que é possível fazer isso também nas horas pagas. Porque talvez não exista uma forma mais prática de amar o próximo do que simplesmente fazer o seu trabalho bem-feito com essa intenção. Então vamos mudar a nossa visão, deixando de ir trabalhar simplesmente porque temos boletos para pagar, mas dando um novo sentido, um novo significado às nossas atividades do dia a dia, entendendo que do outro lado do balcão, do site, do aplicativo, do caixa, do contrato, tem uma pessoa que precisa do seu trabalho. É por meio daquilo que você vende que alguém tem um momento de felicidade, de alegria, de praticidade, de economia ou de alívio. E quando você trabalha lembrando disso, você acabou de colocar propósito em metade da sua vida. O seu trabalho não é só o seu trabalho, é uma bênção, e talvez seja a forma mais prática de você ser útil e melhorar a vida do outro.
Você costuma destacar a importância do cliente, muito mais do que a venda. Por quê?
O cliente com certeza é mais importante do que a venda. Primeiro porque quando você se importa com o cliente e não só com a venda, existe muito mais chance de ter uma pessoa que vai continuar comprando de você, recomendar, falar bem da sua marca, ser mais fiel e talvez até aceitar pagar um pouco mais caro. Mas eu também falo que o cliente é mais importante do que a venda porque quando a gente se importa com as pessoas que compram o que a gente vende, damos um sentido maior para o nosso trabalho, além de uma transação comercial, de uma meta batida. Eu quero que você venda muito, mas eu quero que você também conquiste a sensação no seu coração de ter melhorado a vida de alguém que precisa do que você vende.
Que dica você daria para a Rede STIHL no RS que foi atingida pela enchente. Como buscar a superação em momentos difíceis?
Eu vou resumir em uma palavra: sensibilidade. Muitos perderam pessoas queridas, muitos perderam tudo que conquistaram e alguns até a esperança. E quem trabalha com varejo trabalha em um negócio que
é de gente, tem cliente, colaborador, fornecedor, olho no olho, abraço. Então essa é a hora de ser mais sensível do que nunca. Se por um lado é um momento muito difícil, também é de oportunidade, de deixar marca na vida das pessoas.
Se você se importar, se for sensível agora, as pessoas vão lembrar do que você está fazendo. E eu não estou falando para fazer as coisas por interesse, pensando em mais venda ou mais lucro. Provavelmente até acontecerá, mas estou falando porque isso vai te dar a sensação no futuro de que era isso mesmo que deveria ter feito. Seja empático, seja a pessoa que sente a dor de quem está ao seu redor. Fazer marketing não é entupir a cidade com seus logotipos, não é lotar as redes sociais com a sua promoção de preço, construir marcas – é deixar marcas na vida das pessoas.
» Construir marcas é deixar marcas na vida das pessoas. «
João Branco, apontado como o profissional de marketing mais admirado do Brasil
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