O mundo mudou, e a forma de liderar também. Nesta entrevista, o coach Marco Fabossi explica sobre os novos desafios dos gestores e dá dicas para se ter sucesso junto às equipes.

A liderança tem muitos desafios importantes no dia a dia, por isso não é tão simples eleger apenas um deles como o “maior”, mas vou escolher aquele que tenho percebido como uma das maiores dificuldades atualmente: equilibrar a entrega de bons resultados (qualidade, prazo, valor agregado, encantamento do cliente, boa lucratividade, superação de metas, etc.) dentro de um bom clima (conexões significativas, bem-estar, felicidade). Em outros tempos, entregar bons resultados era sinônimo de alta performance, mas o mundo mudou, as pessoas mudaram, e para que esses resultados sejam sustentáveis é preciso que exista um olhar mais atento para as pessoas, relacionamentos e equipes. O problema é que alguns (para não dizer “muitos”) líderes continuam liderando como se nada tivesse mudado.

Sim. Equipes menores, teoricamente, oferecem um nível de complexidade diferente para os líderes que, em geral, alcançam colaboradores individuais, especialistas, analistas. Quando pensamos em equipes maiores, é natural que existam outras camadas ou níveis de liderança, ou seja, passamos a ter a figura do(a) líder de líderes, já que sozinho(a) não conseguirá liderar diretamente um número muito grande de pessoas. Não é possível afirmar que liderar equipes menores é mais simples ou fácil do que o contrário, porque estamos lidando com pessoas, e pessoas não são “exatas”, mas podemos, sim, afirmar que a complexidade muda, e é importante estarmos atentos a essa diferença.

A expressão “pensar duas vezes” está relacionada à inteligência emocional, uma das principais competências de liderança, ontem, hoje e sempre. Inteligência emocional é o que permite à liderança reforçar o seu autoconhecimento e autocontrole, e melhorar o seu nível de empatia e compaixão para com as pessoas a sua volta. O “pensar duas vezes” faz parte de tudo isso porque, para que isso aconteça, é preciso que a liderança conheça suas emoções, aquelas que potencializam e as que limitam. Quais são os gatilhos para essas emoções, e o que fazer para lidar com elas quando surgirem, como “respirar”, contar até dez, ou “pensar duas vezes” antes de agir. Entre estímulo e resposta existe o poder de escolher o que faremos, e a inteligência emocional nos ajuda a fazer boas escolhas

Já não vivemos mais no tempo em que as coisas funcionavam na base do comando e controle. Atualmente, as relações entre pais e filhos, por exemplo, são completamente diferentes do já fora, um dia. Na minha época de criança, bastava que meu pai olhasse pra mim ou que minha mãe ameaçasse pegar o chinelo para que eu me convencesse de que deveria obedecêlos. Sabemos que hoje é completamente diferente; antes de conversar com os pais, as crianças já pesquisaram no Google sobre “como convencer meus pais sobre…”, e o diálogo, argumentações e negociações passaram a fazer parte das conversas. E essa criança que cresceu e já está no mercado de trabalho espera encontrar minimamente o mesmo espaço para dialogar, argumentar e expor suas ideias de liderança, e não alguém que apenas diga o que ela tem que fazer. Se isso acontecer, certamente não permanecerá nesse lugar por muito tempo.

Primeiramente, conheçam as pessoas da sua equipe. Não apenas suas habilidades e conhecimentos, mas a sua história de vida, e deixe que elas conheçam a sua. Porque antes de sermos profissionais, líderes ou chefes, somos seres humanos. Isso reforça as relações de confiança, e quanto mais fortes forem esses laços de confiança, melhores e mais sustentáveis serão o clima e os resultados. Lembre-se de que as pessoas esperam que, por meio da sua liderança, consigam chegar a lugares onde sozinhas não conseguiriam. Caso contrário não faria o menor sentido te seguir.

Marco Fabossi,
Conferencista, escritor e consultor

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